domingo, 21 de agosto de 2011

CARROÇAS, CARROCEIROS E UMA LINDA CARROCEIRA


CONFRARIA,

Esta é mais uma
belíssima crônica
do confrade
SEBASTIÃO VERLY DE OLIVEIRA CAMPOS,
de Pompeu, MG,
residente em Beagá.

Comentário:
VERLY, grande VERLY,
é impressionante ver sua
sensibilidade ao tratar de
assuntos sobre nossa
gente humilde.
A Política, nosso caro
e ilustre amigo, seria
(ou é) o melhor caminho
pra você seguir.

NOTA:
Estou postando-a no
BLOG DA CONFRARIA
http://marconogueiraconfraria.blogspot.com

Abraços,

Marco Antônio



CARROÇAS, CARROCEIROS E UMA LINDA CARROCEIRA
Sebastião Verly

– Mobilizador Social da SLU – 19-08-11

A Prefeitura de Belo Horizonte implanta políticas públicas de inclusão social desde os concursos para os cargos públicos, estágio nas suas repartições até para a população de rua e todas as profissões até agora marginalizadas pelos cadastros dos órgãos oficiais.
Tive o prazer de trabalhar com os catadores, desde os primeiros cadastramentos pelas ruas e mais recentemente apoio, através do meu trabalho, além do galpão de triagem do Granja de Freitas e a mobilização dos carroceiros para sua formalização e para os cuidados com os animais.
Há cerca de 18 anos, especialmente pela tenacidade da professora Stela Neves, a SLU comanda o incentivo para que os carroceiros melhorem suas condições de vida. Transformamos os carroceiros em aliados principais no projeto de eliminação da deposição clandestina de entulho da construção e demolição. Como forma de apóia-los foram criadas 32 URPVs – Unidades de Recebimentos de Pequenos Volumes que recebem – principalmente – o material recolhido pelos carroceiros em todas as regiões da Capital.
Com o tempo, a professora Stela conseguiu uma inteligente parceria com a Escola de Veterinária da UFMG para a melhoria dos animais que puxam as carroças através do cruzamento de éguas de propriedade dos carroceiros com jumentos da raça Pega. Anualmente, um veículo Meriva, adquirido com recursos de prêmios recebidos pelo Projeto Carroceiros, estaciona em cada URPV para vacinação e marcação dos animais de propriedade dos carroceiros.
Aos poucos a atividade desses trabalhadores formaliza-se e legaliza-se como todas as demais. As carroças são emplacadas, os animais são vacinados, os carroceiros recebem cursos sobre o trânsito e tráfego, adquirem uma carteira de vacinação e o documento fornecido pela BhTrans para a carroça.
Até que os carroceiros assumam autonomamente a obrigação de procurar os órgãos de licenciamento , a BhTrans e os locais de vacinação, a PBH oferece os serviços nas Regionais, nas Gerlus e até nas URPVs, para facilitar a vida daqueles profissionais.
Na última sessão de licenciamento da qual participei, tive a oportunidade de conversar com vários carroceiros, ouvindo suas reivindicações. A maioria já está bem consciente. Em que pese um forte preconceito contra esses trabalhadores, a maioria é de gente honesta, trabalhadora e bastante simpática. E dá gosto ver que a maioria tem um verdadeiro amor aos seus animais, eqüinos amestrados em sua maioria.
O licenciamento era na URPV Castelo ali na Rua Castelo de Veiros e num determinado momento formou-se uma rodinha onde eu puxei conversa sobre a importância da organização e da autonomia da categoria dos carroceiros. Dos presentes na roda, guardei os nomes do Sérgio, Saulo e da comunicativa Darli.
Darli é uma linda carroceira com olhos verde álamo, pele bronzeada, bastante “sarada” pelo calor do sol de todas as estações. Seus pés são bem cuidados, dentro de uma delicada sandália rasteirinha, com um delicada flor vermelha tudo para destacar as unhas cuidadosamente pintada com belos enfeites. Em casa, ela deixa a mãe, já idosa tomando conta de seus quatro filhos. A maiorzinha, com 16 anos já começa a ter acesso à Informática e à Internet. Darli falou de seu trabalho, da carroça bonita que ela construiu a parte básica, dos clientes tradicionais como o condomínio da COJAN. Disse que pode ser encontrada todos os dias ali naquela URPV e despediu-se porque teria que levar à mãe ao médico. Bela mulher e uma pessoa mais do que simpática.
Os presentes reclamavam da falta de apoio, por exemplo, quando seus animais são roubados. Sobre a constituição de uma entidade para defender seus interesses, acham que logo que forem eleitos os primeiros representantes, a oposição aparece muito forte. Disse-lhes que precisam saber a força que têm e prepararem-se para lidar com todas as relações, com os clientes, com os concorrentes, com os poderes públicos e, habilmente, com a oposição que colocam como o maior desafio.
Prometi a todos os presentes que, dentro das possibilidades do meu trabalho, vamos fazer todo o possível para que a Associação crie forças naquela região.
Para alegria de todos os colegas e maior ainda de todos os carroceiros está de volta à SLU, a nobre e dedicada professora Stela Neves. Os carroceiros de toda a Belo Horizonte aplaudem e agradecem pela sua volta
Seja bem-vinda, querida mestra!

Um comentário:

  1. Leio emocionada o artigo do VER...LY, e me dá vontade de conhecer a Darli. Pousar um olhar nos seus olhos verdes, e encontrar no fundo deste mar, o bem que não se vê no egoísmo de muitos "colarinhos brancos" corruptos. Darli tem um "burro inteligente", que por certo sente orgulho da dona que se cuida apesar de seus parcos recursos, e cuida também dele, que aposto, é lustrado todo dia. E não consigo deixar também de me lembrar de uma velha história que meu pai contava. Delegado Especial à época (anos 50)na cidade de Mutum (onde se matava gente, mas burro não), enfrentou uma contenda entre dois sitiantes. É que um deles havia trocado sua bela roceirinha, namoradinha ainda(naquele tempo havia isto); pelo burro de outro meieiro. Também naquele tempo, se alguém ousasse mexer com a namorada de alguém, sem licença de troca combinada com o que quer que fosse, aí era morte certa. Acontece que o que ficou sem a namorada, achou que não fora uma boa troca, pois o burro empacava sempre, e se recusava a seguir com cargas pesadas. Além disto, sentia falta da antiga namorada. O problema maior era que o novo "namorado", também não estava mais disposto a perder a "sua prenda". Discussões aqui, bate-bocas ali, foram os quatro (os dois rapazes , a mocinha e o burro) parar na cadeia, reclamar uma solução. O Excelentíssimo Sr. Delegado, meu pai eterno, resolveu o assunto assim: perguntou à mocinha, com qual namorado ela queria ficar( para ele, conforme dizia, esta solução não tinha nada a ver com o assunto do burro) . Surpreendentemente (para o antigo namorado), ela apontou para o novo namorado. - "Ah... É?!(Retrucou o antigo namorado)... Pois o burro também não quero". E saiu batendo pé, não sem antes de meu pai dizer-lhe dedo em riste e enérgico: "-Veja bem... Se você quer ou não quer o burro, o problema é seu... Mas qualquer problema que houver com a moça ou com o namorado dela atual, você será acusado pelo fato. E se causar mais algum problema por isto, ficará preso". Isto dito o perdedor (da menina e do burro) saiu e mudou-se da cidade, segundo ele para não ter mais de encarar os namorados e nem o burro. E papai, ao contar o caso ainda concluía: "a mocinha acabou se casando com o novo namorado. E para ela o burro carregava o que ela quisesse, sem empacar"... E eu digo: "bem feito... Burro mesmo era o antigo namorado! Quem não distingue valores, perde todos eles..."

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