quarta-feira, 10 de agosto de 2011

EM BUSCA DE INSPIRAÇÃO - Crônica de Sebastião Verly de Oliveira Campos


CONFRARIA,
 
Esta é mais uma
crônica do confrade
SEBASTIÃO VERLY,
de Pompéu, MG,
residente em Beagá.
 
NOTA:
Está sendo postada no
BLOG DA CONFRARIA.
 
                                                               

 
Em busca de inspiração

Sebastião Verly 10-08-11

Há dias, esforço-me para escrever pelo menos uma crônica para manter meus fieis leitores. Os três já reclamaram e eu me esforcei para contar a crise bipolar pela qual atravesso nesses últimos 30 dias. Amanhã retornarei ao meu psiquiatra que deverá aumentar a dosagem de carbolitium em mais 300 miligramas. Espero que acrescente também que ele me receite o respidon para que eu tenha um sono mais continuo.
Todo este meu esforço é em busca de condições para escrever. Só quando estou com a mente e o coração equilibrados, a sensibilidade aflora. Meus melhores textos são frutos de situações sentimentais, dramáticas ou pelo menos geradoras de ansiedade e sentimentalismo.
De uns temos para cá, observava mais o nosso dia a dia, situações reais e relativas a gente do meu convívio. Favelados em geral, garis, coletores, catadores, triadores de materiais recicláveis são as pessoas que mexem com meus sentimentos nos últimos tempos. Houve até um carroceiro que perdeu o animal e puxava ele mesmo sua carroça que também me sensibilizou. Os carroceiros alvo de criticas dos ignorantes protetores de animais que não os conhecem de perto já me provocaram três ou quatro crônicas veementes em defesas desses profissionais.
Comecei minha vida na Superintendência da Limpeza Urbana no galpão da ASMARE, na rua Curitiba 137, quase no centro de Belo Horizonte. Foi uma fase dura na minha vida, mas ali aprendi o desapego para permanecer o dia inteiro no meio daquela sujeira enorme. Aprendi a respeitar aqueles trabalhadores e desfazer dos preconceitos e até das mentiras de muita gente que lhes credita ganhar um bom dinheiro.
Em suma, identifico-me com as camadas mais humildes, com gente que carece de quase tudo e inspiro-me para escrever meus textos e crônicas, se não diretamente, pelo menos, por afinidade nessa gente.
Nasci e cresci em uma família muito pobre, mas só conheci a pobreza extrema nos contatos com as camadas mais pobres com quem me relaciono no dia a dia do meu trabalho.
Nem mesmo essa gente tão querida e que demonstra gostar muito de mim, tem conseguido inspirar-me nos últimos dias. Cheguei até a imaginar que as políticas sociais da Prefeitura deu um toque de dignidade às populações pobres e – racionalmente – diminuiu a minha sensibilidade.
Não tinha inspiração para escrever até que, ontem, ao conectar-me na Internet, tomei conhecimento do fato que cortou também o meu coração.
Li e reli a declaração deste senhor chamado Eike Batista, que declarou à UOL que estava “com o coração partido”: acabara de perder 27 bilhões de dólares.
Tive de esperar que as lágrimas secassem para redigir este texto.
Agora, com toda a tristeza do mundo aqui estou para mostrar solidariedade a este senhor e dizer-lhe da tristeza que tomou conta de mim e creio que da maior parte dos brasileiros.
Nada posso fazer para amenizar tanta desgraça. Mas, posso, pelo menos, convocar a população brasileira a prestar solidariedade a esse nosso irmão e compatriota.
Se alguém tiver formas mais eficazes para ajudá-lo que fique bem a vontade. Ele é o único brasileiro que perdeu tanto dinheiro de uma noite para o dia.
Eike merece nosso sentimento. Vamos chorar juntos com ele.
Pelo menos serviu-me de inspiração para escrever essa belíssima crônica, o que não ocorria há varias semanas.

Um comentário:

  1. Ana Maria Leandro disse:

    VER...LY !

    Choro com você... E pronto! Nossas lágrimas juntas talvez lavem a alma do nosso irmão (!) EIKE BATISTA. Perdoem-me os parêntesis aí atrás, que costumam interromper o raciocínio do leitor, mas a exclamação ali foi posta, pelo estranhamento que sinto de um pobre irmão, que um dia irá para debaixo da terra como todos nós, seus fraternos, conseguir perder a mísera quantia de vinte e sete bilhões de dólares, da noite para o dia. Valor este, que nós, seus irmãozinhos aqui em terra, nem conseguimos avaliar o poder aquisitivo desta quantia. Bem, mas continuando, EIKE BATISTA (letras maíuscula enquanto o irmão está de pé), talvez o console (ou o desespere) o fato, de que nós, seus irmãozinhos mortais como você, jamais perderemos tanto, pois muito pouco temos a perder (a gente gasta o que ganha para viver) e temos tudo ainda a ganhar... Antes de irmos também para debaixo da terra, é claro...

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