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MONÓLOGO COM MICHAEL JACKSON

Imortal Jackson ...
Por Ana Maria Leandro
Jornalista/Cronista – Reg 07218/JP

Ouvi-lo nesta sua apresentação
tão bela, quando ainda menino,
me faz doer aqui dentro de mim...
Talvez mais do que
quando soube de sua morte...

Há tal leveza e paradoxalmente,
tal profundidade nesta sua apresentação!
Como desejei, por um momento,
que você ainda estivesse entre nós,
mas assim, tal como se apresentou:
um lindo menino negro,
de rosto e cabelos redondos,
e uma face doce de pureza ímpar...

E desejei ainda,
que me fosse possível
trazê-lo de volta,
mas assim; assim Jackson,
tal como você realmente era...

Não, Jackson; você não era
aquele homem branco,
de nariz afunilado e arrebitado,
de cabelos lisos e pretos.
Não, ali não estava você!
Perdeu-se de si, no alto preço cobrado
de ser o maior sucesso mundial...
Você ja não mais se pertencia,
e este era seu maior pesadelo...

Só o que você não conseguiu
jamais, foi alterar o seu talento...
Apenas a sua dor, que a gente nem sabia
que era tão forte, afetava sua imagem
nas interpretações que fazia...
Quem não via, que sob o rosto alterado,
naquelas apresentações inigualáveis,
havia sim, uma forte dor?!...

Mas a seus fãs não interessava,
a dor que você não contava:
talvez nem seria ouvido...
Interessava sua dança frenética
e sua voz que todas as mudanças
físicas, não conseguiram alterar.
Talvez porque seu talento
estivesse era na alma...

Fiquei sabendo,
em uma revelação de alguém
próximo à sua vida,
que você disse certa vez,
mostrando o próprio corpo ao médico:
"isto não é uma pessoa doutor,
é uma máquina; tem que funcionar,
mesmo que a poder de drogas!"

Aí o ouço cantar de novo,
neste vídeo,
na sua fase de menino,
em que você ainda era você,
cantava com sua alma,
e nada precisava usar,
a não ser VOCÊ,
que ainda era VOCÊ!

Que pena Michael Jackson,
que as pessoas não consigam entender
que às vezes elas cobram de seus ídolos,
ou mesmo de outras pessoas,
que elas sejam, aquilo que não são...

Eis a causa real de sua morte...
E talvez a causa da morte de muitos.
Outros ainda vivem,
mas estão mortos por dentro;
e esta sim, é a pior das mortes...

AS SEMENTES DAS REALIZAÇÕES BROTAM NO PENSAMENTO...

Sonhos são sementes que brotam no pensamento....
A "Força de Pensamento" não é figura pictórica:
pelo pensamento semeamos o bem, ou o mal,
é uma questão de escolha...

Então semeie tudo que lhe trará felicidade para 2012
e deixe que sua competência, sua bagagem existencial,
sua força de tornar realidade qualquer sonho
frutifique...

Não desejo-lhe apenas um
FELIZ ANO NOVO;
pois a vida não muda pela virada
de uma página de calendário.

Muda pelas nossas mudanças;
muda por novos olhares;
muda por elevação mental;
muda porque somos mutantes;
em busca daquilo
que for o melhor para nós...

Ana Maria Leandro

Acordo assustada com a campainha do telefone fixo ao meu lado no criado mudo e atendo rápido. Do outro lado Lourdes grita: “oi, sou eu... A Lourdes...” Recém acordada não me vem à lembrança de quem é este nome. E pergunto: “Lourdes?!!!...” Ela retruca: “sim, a Lourdes, vendedora de balas do ponto de ônibus... Queria lhe contar dos cinqüenta contos”... Bom, agora tudo se embolou de vez, pensei...
Digo a mim mesmo: “Ana, acalme-se, logo tudo se explica”. Retorno ao diálogo: “Lourdes, por que mesmo você está me telefonando? Desculpe-me, acordei agora, não estou entendendo”. Ela aumenta a voz, como se meu “não entender” fosse “não escutar”. Continuo mais atenta para compreender. E pergunto: “que cinqüenta contos?!...". “Ora, os cinqüenta contos, que você me arranjou, quando vim morar na praia...” Faço um esforço para acordar de vez e me lembrar, quem era Lourdes para quem eu arranjei “cinqüenta contos”. Imagine, não pensei que ainda existisse quem diga “contos” e não reais.

Como a conversa estava interessante (o que é que alguém faz com “cinqüenta contos”?), resolvi me esforçar para me lembrar. Lourdes, agora eu me lembrava, era uma senhorinha que vendia balas no ponto de ônibus perto da minha casa. Como todos sabem, ando mais de ônibus. E Lourdes me contou que era louca para arranjar um “carrinho que fecha”, como dizia ela, para deixar nele as sacolas pesadas de balinhas e biscoitinhos, que ela trazia de casa (da qual ela vinha a pé), para vender no ponto do ônibus. Me esforcei para conseguir para ela a doação do tal veículo (um pequeno "treiller"), junto ao empresariado local. Não consegui. Por fim, um dia no ponto ela me contou que estava com vontade de ir fazer seu comércio na praia de Itaoca, no Espírito Santo. Morava lá uma irmã, com a qual a princípio ela poderia ficar. Colaborei com “cinquenta contos” para a ida”. Ela disse que tinha o resto da passagem.

Eis que nesta manhã meio nublada e de chuviscos, ela está em BH (veio visitar o filho maior de idade, menos “aventureiro” que ela, e que aqui ficou). Está me ligando porque quer me contar sua saga: arranjou um namorado/companheiro “encostado” (ou seja, ele tem uma renda fixa. Mesmo de salário mínino, assim é mais seguro de partir para o desconhecido...). Me conta e reconta que está “um sucesso” sua vendinha na praia. E ela continua, pródiga como sua história: “acabei não precisando gastar dos cinquenta contos com a passagem, pois meu parceiro pagou a viagem de ônibus prá nós dois. Chegando aqui, comprei farinha, óleo e até um pouco de carne moída para recheio, para fazer e vender na praia, um pastelzinho que todo mundo adora. Assim eu comecei. Com o dinheiro das vendas, fui comprando mais material e fazendo mais sucesso com mais pastéizinhos".

Explica ainda que está morando num barracãozinho na praia, que o companheiro arranjou para comprar por uma “bagatela” e que estão pagando aos poucos. Com as vendas, dá para “ir vivendo” e ele ajuda nas vendas. Incansável, ela continua: “o barraco não é na beira da praia (diz com simplicidade), é preciso dar uma boa caminhada até lá. Mas passa muita gente pelo caminho e meus pasteizinhos estão dando muito mais, do que as balinhas no ponto do ônibus”. E arremata com uma “ponta de orgulho” no convite: “quando vierem ao Espírito Santo, se quiserem, você e seu marido podem até ficar no meu barraco. É um cômodo só, mas a gente divide com uma cortininha...”

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sábado, 20 de agosto de 2011

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